Auckland

Segunda-feira de primavera em Auckland e parece que e' inverno. Na verdade em poucas horas de inverno vira verao e outono e primavera ao melhor estilo dos dias de Curitiba quando a gente sai de pijama debaixo da roupa e no meio da tarde ta' suando em bicas...

Consegui dormir mais de 7 horas seguidas pela primeira vez em muitos dias. Fiz meu primeiro voo de mal humor do cao (Dubai - Sydney) e passei a fase de lua de mel com o trabalho. Mas ao menos sai' com uma portuguesa muito engracada em Sydney e demos risadas a beca vendo a Opera House e comendo sushi de esteira rolante. Ontem a noite, ja' em Auckland, fomos ao Ice Bar, um bar onde a temperatura eh de -5 graus e custa o olho da cara e eh mais cilada para turista do que o restaurante da Torre Eiffel. Divertido sim que foi pois eramos apenas eu, a Carla (portuguesa jah citada) e a Hinde (belga). Quando chegar a Dubai eu faco um post com as fotos.

Estou em information overload com a minha vida. Tem tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, tudo passando tao rapido que as vezes da vontade de parar tudo para poder organisar os pensamentos, impressoes, ideias e ate mesmo desejos. Passei a digerir os dias como se fossem fast food. Destinos sao apenas para dizer, been there, done that. Quero voltar a uma epoca de inocencia, onde os lugares eram longe, as viagens mais escassas e os amigos mais presentes. Deve estar outra vez na hora de me apaixonar pois tenho sentido muita falta de companhia mais constante e de dividir as pequenas coisas. Mas se sair buscando sei que nao encontro, por isso o segredo eh abrir a porta e deixar entrar... Quero soh ver...

Acabei de almocar. Fui a Auckland Art Gallery e vi umas instalacoes de uma artista iraniana que mora em Nova York (eh claro que se morasse em Tehran nao teria jamais exposto seus trabalhos). Ela coloca duas telas de cinema, uma de frente para a outra, com filmes contrastantes mas complementares. Dah um resultado muito interessante. E no meio de um deles lembrei que jah havia visto algo dela em alguma exposicao que fui, nao lembro se na Tate, no Whitney ou na Bienal de SP. Ha uma cena em que ela, de burka, entra em uma igreja. Ha um coro de freiras e ela vai se aproximando. Me chocou a imagem dela de negro entrando na igreja toda branca, como se ela estivesse invadindo um espaco que nao eh dela, como se nao fosse permitido a uma muculmana entrar num espaco catolico. Como sou preconceituoso, notei. Vivendo no mundo muculmando, eu me sinto excluido. Sou proibido de entrar nas mesquitas, agora que eh Ramadan nao posso beber nem agua em publico, nem mesmo ir ao Starbucks tomar um cafe antes do sol se por. Sou excluido da vida, as leis nao me dizem respeito e me toleram pois precisam da minha mao de obra.

Da janela do meu quarto em Dubai eu vejo uma mesquita. Ha certas 6as feiras que um mullah vem rezar e ele atrai varios homens para a sessao. Ele grita, ele esbraveja em arabe coisas que eu nao tenho ideia do que seja mas fico imaginando todos aqueles muculmanos escutando ao chamado para a Jihad, para irem contra os infieis (eu, no caso) e liberarem o mundo islamico das influencias ocidentais. Que loucura virou o mundo, um contra o outro, todo mundo louco. E eu indo de um mundo a outro, como se tivesse um passe para passar de uma dimensao a outra.

Nossa, acho que os dois capuccinos que tomei depois do almoco fizeram efeito pois estou divagando e datilografando a dois mil por hora... Melhor parar por aqui.

E estou super curioso para saber quem anda deixando posts sem assinatura no blog...

Vicente, entre o almoco em Auckland e o jantar em Sydney