Totalmente mellow

Estou numa nova fase rara da minha vida. Tenho passado várias horas sentado no sofá, pensando na vida, vendo TV, fazendo planos, etc. Pode ser um efeito colateral de tando vai e vém, afinal ontem nao consegui sair de casa pois estava me sentindo igual a um zumbi apesar de ter dormido suficiente.

Vai ver é saudades. Deve ser saudades. Estou sentindo falta de conversas de verdade, de estar com gente que conheço há mais de um ano, de dar risadas de bobagens, rir de mim mesmo, ir ao cinema com amigos, jantar fora, etc. De repente minha vida virou uma agenda Elena Rubinstein. Saio com gente que mal conheço, durmo cada dia num quarto de hotel diferente, conheço de cor os menus do Room Service de 5 diferentes hotéis. Acordo em Dubai na hora certa de Xangai e em Nova York durmo durante o dia, de acordo com a hora de Dubai. Gosto disso tudo mas tem horas que surge um balao de histórias em quadrinho em cima da minha cabeça com um grande ? dentro. Caminhando pelo corredor do aviao, vendo toda aquela gente amontoada no meio da madrugada e as luzes de Calcutá lá em baixo me perguntei: o que estou fazendo aqui, para onde vou, até quando, por que??? Mas este trabalho é como cocaína, heroína, crack! Vicia! Nao consigo me imaginar fora deste circulo vicioso de turbinas, toalhinhas perfumadas, programas de milhagem, coffee, tea!

Passei estes últimos três dias em Dubai em casa. Saí antes de ontem para ir à academia e hoje outra vez para ir sabem onde? Para a academia!!! Vida boring! Mas do outro lado da moeda tem o vôo para Nova York amanha, a previsao de sair com a Karine pelas ruas do Soho, tomar meu gin tônica batendo papo, ver gente bonita, tomar um taxi amarelo e dizer: take me to the Sheraton, fazer compras no supermercado do Colombus Circle. Ou seja, horas orgiásticas em Manhattan, interpoladas com vôos lotados de indianos, criança chorando, pés sujos, sapatos fedidos, malas pesadas, comida pré aquecida, etc... Mas o que seria de mim indo de metrô todos os dias para a Recepçao do mesmo hotel, trabalhando com a mesma equipe, vendo os mesmos hóspedes, morrendo de estresse para fazer no final de semana tudo o que eu nao fiz durante a semana.

No fundo, ou melhor, no raso, o que eu preciso mesmo é de uma semana em Curitiba e outra em Barcelona. Daí volto para cá tranquilo. No entando, enquanto isso nao é possível sigo mergulhado nas páginas de Isabel Allende e no Caderno de Final de Semana do Financial Times! Cozinhando almoço e jantar para um, escutando Bebel Gilberto e vendo o pôr do sol na sacada do meu quarto de Jumeirah, Golfo Pérsico.

Gente, estou com saudades!