Istambul > Dubai > Seychelles > Dubai

Estou impressionado com a minha memória afinal as duas pegadinhas deixadas nos comentários foram decifradas! Achei que minha memória estivesse esgotada mas nao, ainda há alguns megabytes. No dia 12/07/1996 eu estava na Guatemala pois o Patrick e a Paola se casavam. Estava acabando meu estágio na Disney, Orlando. Já há 17 anos no dia 14 de Julho, foi a comemoraçao dos 200 anos da queda da bastilha e por mais que eu tivesse certeza que neste dia eu estaria em Paris, eu estava na verdade em Bariloche, Argentina! E agora nao vou contar o que é que eu fiz com quem deixou o comentário! Isto é privado!!!

Agora voltemos aos assuntos do dia. Istanbul foi rápido demais mas valeu a pena. Cheguei na cidade sob um por do sol lindo e fui direto encontrar-me com a Gülnur em um restaurante da moda em um hotel novo. A Gülnur é uma amiga minha de anos. Éramos pen friends, numa época em que ainda se escreviam cartas e eu ficava 20 dias ou mais esperando resposta. Nossa primeira correspondência foi em 1987. Nos conhecemos ao vivo em 1994 em Stuttgart e depois nos encontramos em diversos lugares. Hoje em dia ela trabalha para a Turkish Airlines em Istanbul e eu havia prometido que iria visitá-la para um jantar desde que cheguei a Dubai. Agora deu certo.

Istanbul está bombando! Há uma nova onda de lojas, galerias, designers, restaurantes e hotéis super descolados na cidade. Sem contar um panorama milenar de mesquitas e palácios que foram construidos desde a época dos romanos! É uma das cidades mais mágicas do planeta e sem dúvida uma das mais exóticas da Europa. Fomos jantar em um restaurante na cobertura de um hotel boutique com uma vista magnífica. DJ apaixonada pelo Brasil, colocou todas as melhores músicas de bossa-jazz que eu já escutei. Só que tudo começou a ficar turvo depois do meu 2º gin-tônica. Havia me esquecido que minha amiga toma meio cálice de vinho e fica louca! E foi exatamente o que aconteceu. Houve uma hora em que ela me mostrou a teta esquerda (imitando a Samantha do Sex and the City), enquanto comentávamos sobre os peitos fartos de uma comensal vizinha. Eu quase morri de vergonha e rezava para que ninguém entendesse inglês e conseguisse decifrar tudo o que ela estava me contando sobre o seu novo caso na internet! Olha que eu sou aberto e adoro falar bobagem mas ela me surplantou! Entao ela cismou que tínhamos que ir dançar em alguma boate e puxou papo com o garçom, para perguntar aonda deveríamos ir. O garçom recomendou um lugar novo que, nas palavras de minha avó, é a nova coqueluche da cidade! E para lá fomos. Detalhe que ela caiu no chao do elevador e quando a porta abriu no lobby do hotel eu ainda estava tentando levantá-la!

O garçom veio junto. Era o final do turno dele e ele falou que todos os garçons da boate nova eram seus amigos e a gente entraria na faixa. Eu queria fazer qualquer coisa menos ir para uma boate pois estava morto de cansado e estava com a minha mochila (documentos, dinheiro, máquina fotográfica, cueca, escova de dentes...). Mas fomos. E o lugar era bem bacana só que para uma clientela meio no final da meia idade. Era uma pista de dança a céu aberto com uns abajures gigantes. Bem bacana. O novo amigo da minha amiga, o garçom, nos trouxe 3 vodka red bulls e ficamos de ‘papo’ na mesinha. Ele nao falava inglês, eu nao estava com a mínima vontade de conversar e a Gülnur estava possuída! A música era animada mas tudo coisa turca. Entao entendi como meus amigos que nao gostam da Ivete Sangalo se sentem cada vez que eu coloco o CD dela Ao Vivo em Salvador e quero que todo mundo saia dançando em trenzinho! Eu queria mandar aquela música para o inferno! O pior é que bebi um pouco do Red Bull sabendo que minha cabeça nao iria desligar!

Quando finalmente convenci-os de irmos embora pegamos um taxi para a zona de Nisantansi, os Jardins de Istanbul, do lado da boate. O garçom falou que morava perto e foi junto. Paramos na frente da casa da Gülnur e ele saiu do taxi junto conosco. Eu nao entendi direito mas como nao estava me interando da conversa me fingi de Joao-Sem-Braço. Fui caminhando para a porta e a Gülnur me falou que ele estava nos seguindo e ela queria que ele fosse embora. Entao eu meio que fiz o macho e nao deixei ele entrar no prédio, subimos para o apto e ela abriu a janela e começou a trocar de roupa na varanda, provocando o cara! Uma cena digna de filme de Almodóvar, com flores de plástico e tudo mais. E nao é que o cara ficou quase 1 hora e meia esperando lá embaixo ao ponto que ela queria chamar a polícia? E eu nao consegui dormir apesar do cansaço devido ao Red Bull.

No dia seguinte passei a tarde caminhando pela cidade. Fui visitar o novo Museu Istanbul Modern, caminhei pela zona antiga e fui embora. Cheguei em casa às 2 da manha e às 7 estava acordado para o vôo às Seychelles. Quando eram 4 da tarde eu estava jogado na areia da praia do hotel sem ter energia para nadar, comer, escutar música ou ler. Dormi 10 horas seguidas. Hoje cedo acordei às 5, às 6 estava na van para o aeroporto e às 12:30 já havia pousado em Dubai.

Agora ao drama no Líbano. Nao dá para acreditar no que está acontecendo. Desde 1982 que nao havia tanta destruiçao em Beirute. E os israelenses estao bombardeando o país que está cheio de turistas. A Emirates nao está voando para lá mas estamos fazendo vários vôos extras para Damasco para resgatar o povo que conseguiu cruzar a fronteira. E há todos os familiares dos meus colegas libaneses, que estao em casa, com medo. Hoje havia uma TV sem som, com imagens de carros destruídos, vidro quebrado, sangue e fiquei com muita pena do Líbano. De repente apareceu o Lula na tela e me dei conta que era uma reportagem sobre Sao Paulo! Fiquei ainda mais triste, muito muito triste!