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Sunday, February 12, 2006

e finalmente o relato do Marrocos...

As férias no Marrocos começaram na verdade em Barcelona. Foram três dias intensos, correndo Rambla acima, Diagonal abaixo para ver e falar com todos os amigos da cidade. Consegui ver quase todos. Fora o fato de que a Fernanda e o Fhabyo também estavam in town. Adoro Barcelona e estes dias de frio e sol, com uma luz que só existe na Catalunha quase me deixaram com vontade de voltar a morar lá. Vamos ver, deixo as portas abertas.

De Barcelona fui passar a Sexta-feira em Paris. Estava um frio indecente, de -5ºC! Sem sol, uma luz meio turva, ameaça de neve e eu caminhando tirando fotos. Quando cruzei o Sena para ir até a Notre Dame e o vento bateu de lado eu quase virei uma estátua de gelo. Mas valeu para conhecer o Alan, amigo da Tatiana, que faz MBA em Paris e já morou em Beirute. Saímos jantar fora, batemos papo e demos risada... e no Sábado lá fui eu na correria do Terminal Tietê que é o aeroporto Charles de Gaulle para tentar embarcar no vôo para Casablanca junto com a Patrícia e o Nuno. Como sempre um estress mas finalmente encontrei-os na porta de embarque e conseguimos assentos juntos e lá fomos nós para o Marrocos.

Alugamos um carro em Casablanca e fomos direto para Marrakech. Foram 4 horas de estrada numa paisagem estranha para o que imaginávamos do Marrocos! Muito verde, plantaçoes, carneiros, etc... nada de deserto, camelos e berberes. Chegando em Marrakech foi uma epopéia encontrar o nosso hotel, no meio do Souk (mercado). Foi engraçado porque íamos seguindo o mapa do nosso guia e pedindo ajuda aos policiais e quando demos por nós estávamos dentro do mercado, de carro! Fui notando que as ruas foram ficando estreitas e o povo tinha que entrar nas lojas para deixar o carro passar. Chegou uma hora que uma carroça com burro entalou conosco e tivemos que parar, tentar dar a volta e pegar um atalho que nos indicaram. Mais louco foi sair de carro em meio a Jma el Fna, que é a praça central de Marrakech, com milhares de pessoas por todos os lados. Mais turístico impossível.

Finalmente chegamos ao hotel, exaustos. Ficamos em um Riad, que é uma casa tradicional, com pátio central e poucos quartos. Lindinho, quentinho e aconchegante. Só que na hora que estávamos preenchendo os cartoes de chegada, tomando chá de menta, escutando uma música chill out a Patrícia nao conseguia encontar o passaporte dela. Resumo da ópera: depois de uma crise de nervos, telefonemas em francês e árabe e muito estresse encontraram o passaporte dela, junto com as passagens, no banheiro feminino da ala de chegadas do aeroporto de Casablanca! Ou seja, no dia seguinte lá foram Nuno e Pati de trem para a cidade grande atrás dos documentos. E eu fiquei sozinho em Marrakech pois estava exausto e precisava descansar.

Ou seja, no dia 3 da viagem começamos a viagem de verdade. Saímos de Marrakech com a intençao de irmos dormir no deserto do lado sul dos Atlas. Para isso tínhamos traçado um itinerário pelas montanhas e vilas berberes entre Marrakech e Uarzazate. Mas saímos de Marrakech vimos uma fila enorme de carros na estrada e fomos parados pela polícia que nos perguntou:
-Aonde vocês pensam que vao?
-Ué, esta nao é a estrada para Uarzazate?
-Sim, mas a estrada está fechada e só abre daqui a dois dias.
-Mas estamos de férias e nao podemos esperar dois dias.
-Há dois metros de neve nas partes mais baixas e vai nevar ainda mais esta noite.
-O quê?????

Bem, fomos enchotados para o final da fila e decidimos trocar todo o percurso. Vamos direto para Fes? Vamos indo e quando cansar a gente pára. E lá fomos nós por uma estrada bem sem graça para destino desconhecido e chovia muito. Nada do que havíamos programado. Acabamos parando em Beni Mellal, no meio do nada, ficamos num hotel obscuro. Fazia muito frio dentro e fora do quarto. O quarto alagou durante nossos banhos. Jantamos num restaurante muito estranho. Festa estranha com gente esquisita eu nao tô legal...

Como tudo na vida, nada melhor do que um dia após o outro. Amanheceu um dia azul, muito sol e tudo a nossa volta estava branco de neve. Seguimos em direçao a Fes pelas planícies e foi lindo. Demos risada, nos animamos outra vez. Tiramos muita foto na neve, encalhamos na neve, nos gelamos na neve, ou seja, parecíamos crianças que vêem neve pela primeira vez na vida!

Chegamos em Fes no final do dia, pôr do sol, entrada triunfal nas muralhas da cidade antiga. Foi entao que um motoqueiro resolveu ser nosso amigo e nos levar para o hotel aonde queríamos ficar, isto sem antes passar em dois outros hotéis onde ele queria que nós ficássemos. Depois de vai pra lá, vem pra cá, nos alojamos num hotel lindo, quarto grande, vista para a cidade medieval. E o tal do amigo motoqueiro falou que se quiséssemos ele seria nosso guia no dia seguinte. Cilada total. Tentamos ligar para ele à noite para dizer que nao precisávamos de guia mas o telefone estava fora do ar.

Dia seguinte, café da manha delicioso no nosso super hotel. Dia de sol. Vamos explorar Fes. Saindo do hotel demos de cara com o motoqueiro amigo. Chato de galochas. Dissemos para ele que tentamos ligar, ele falou que era mentira, que estava com o telefone ligado a noite toda. Bem, we are sorry, de todos os modos, tchau. E ele grudou em nós. De 15 euros baixou para 10, isto para ser nosso guia extra oficial por um dia inteiro. Só que a gente nao queria um guia, muito menos um guia chato, que falava espanhol e nao deixava a gente fazer nada do que a gente queria. Entao ele virou bicho e disse que a gente teria que pagá-lo pelo menos por ele ter nos levado até o nosso hotel no dia anterior. Eu fiz as contas: se ele quer 10 euros para o dia todo, vou dar 2 por ele ter nos levado até o hotel ontem, o que durou 1 hora. Ele falou que era muito pouco, que tinha que garantir o leite das crianças, que dava duro, etc. Eu nao me comovi. Dois euros ou nada entao my friend. E fomos andando. Ele pegou os 2 euros e nos chingou de todos os palavroes em árabe, franês e espanhol que ele conhecia! Foi um horror. Ele quase bateu na gente.

Fes foi muito legal por ser medieval e cheia de coisas interessantes. Acontece que em cada esquina tem um chato de galochas, estilo amigo da motocicleta que quer ser o teu guia. E eles sao muito chatos, brigam muito com os outros chatos de galochas que também querem ser o teu guia. Tem horas que dá medo. O mais engraçado é que conseguimos nos desvencilhar de uns 4 chatinhos quando saímos correndo da rua principal por uns mercados e demos de cara com eles no final dos mercados! E as tais ‘ruas’ que eu falo nao sao ruas de carro mas ruas cheias de gente, carroças com burros, gatos, carneiros, etc... mil e uma noites ao melhor estilo pesadelo. Só que tudo muito exótico. Tao exótico e bacana que a Pati e o Nuno entraram num frenesi de compras.

Como tudo na vida, o que é bom um dia acaba. E até as tao programadas e esperadas férias chegaram ao final. Vou ter que esperar mais 20 dias para ter férias outra vez!!!! Vou parando o relato por aqui pois está ficando muito longo e vai dar preguiça de ler...

4 Comments:

  • Depois de passar bastante frio em Paris, estou aproveitando bem o sol brasileiro :)
    Até mais e aproveite a Austrália.

    By Blogger Alan, at 13 February, 2006  

  • Adorei as tuas férias!!!Imagino o teu mau humor com o guia chato......rs.
    Beijos

    By Anonymous Anonymous, at 15 February, 2006  

  • Viiii, to indo pra Barcelona na semana que-vem-que-vem, ou seja, dia 23! Quero dicas e mais dicas! :) To tao empolgada!

    Ah, meu e-mail é giovanaruaro@gmail.com

    E acho que vou pra Portugal em algum momento, mas daí peço dicas pra Fer que adora tanto Portugal, hahaha.

    beijos
    gi

    By Anonymous Anonymous, at 15 February, 2006  

  • Eu tambem tive meu guia chato de galocha em Merzouga...quase fui pro pau com ele...adorei os relatos de Fes...abs, Raul

    By Anonymous Anonymous, at 20 February, 2006  

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